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A Unção do Espírito Santo

por T. Austin-Sparks

Capítulo 1 - A Unção para Ministrar

Leitura: Lucas 3:21,22, 4:1,2,18,19; Atos 4:27, 10:38; 2Cor. 1:21,22; 1João 2: 20,27; 1Sam. 16:11-14; 2Sam. 7:8.

Tenho certeza de que muitos dentre o povo do Senhor não estão demasiado claros sobre os diferentes aspectos da Presença e ministério do Espírito Santo na vida do crente, e que existe uma boa dose de confusão; que termos ficam misturados, e não há claro discernimento do significado específico de cada termo usado na Palavra de Deus. Refiro-me ao fato de que ouvimos desses que foram batizados com o Espírito no Novo Testamento, e cheios do Espírito, e selados pelo Espírito, e ungidos; e é importante que sejamos capazes de discriminar sobre esses assuntos. Não é a minha intenção guiar você em tal discriminação, isso virá por si só a medida que avançarmos. Do que estou interessado e ocupado é com a unção como representando algum aspecto particular da presença e obra do Espírito Santo.

A unção do Espírito Santo não precisa ser algo à parte, ou distinto de nosso definitivo recebimento do Espírito Santo. Isso não é sempre desse modo. Pode depender em grande parte da medida na qual apreendemos a verdade do Espírito. Tem essa instância em Atos 19: “recebestes vós o Espírito Santo quando crestes?” fazendo do recebimento do Espírito Santo algo subsequente ao crer. O contexto mostra muito claramente que não havia absolutamente nenhuma luz quer que seja sobre a verdade do Espírito Santo, e aos que lhes foi falado ficaram em total ignorância quanto a se o Espírito Santo existia. A pergunta evidentemente feita lá pelo Apóstolo foi por causa de que tinha discernido a ausência do que ele conhecia ser um essencial de uma vida verdadeira e plena em Cristo. Isso pode ser um caso excepcional, pois na maioria dos casos no Novo Testamento encontramos o Espírito Santo vindo, possuindo, e muitas vezes enchendo no momento de crer, e do exercício da fé salvadora e da consagração ou rendição à entronização nossa do Senhor Jesus. Mas repito, não é necessariamente uma coisa separada que recebamos a unção; é uma parte de nosso entendimento da verdade; é algo a ser entendido. No seu entendimento então, há valor particular.

Unção a todos para Ministrar

Para agora entrarmos diretamente neste assunto, será mais simples se talvez imediatamente declararmos qual é a característica especifica da unção do Espírito. Penso indubitavelmente que é o lado vocacional da presença do Espírito em nós. O lado funcional ativo. A unção tem a ver com vocação e ação. Podemos ter o Espírito, o Espírito pode estar em nós, o Espírito pode estar em grande parte quieto em nós, em grande parte – diria – num estado passivo – ou nós num estado passivo para com o Espírito. A unção é sempre pretendida significar ação e vocação em relação ao propósito de Deus.

Se não tivesse medo de ser um pouco mal interpretado falaria disso como o lado oficial das coisas. Quando usamos uma palavra assim, um grande número de pessoas que consideram a si mesmas como as bases, povo comum, começam a visualizar uma classe de pessoas ungidas que se tornam a classe oficial, e elas consideram a si mesmas como não estando nessa classe especifica. Elas voltam para o Velho Testamento e veem uns determinados ungidos e separados pela unção, e assim eles constituem uma classe do Velho Testamento mentalmente – todos ungidos – na base do Novo Testamento. Quero dizer imediatamente que você não deve entreter isso mentalmente. A unção não é agora para uma classe, é para todo o povo do Senhor. Nunca foi, no pensamento de Deus, para uma classe. Mesmo no Velho Testamento onde você tem certas pessoas ungidas, tais como Arão e seus filhos, eles eram só representativos no pensamento de Deus; eles incluíam realmente todo o resto do povo do Senhor, e ao Senhor olhar para eles Ele olhava para todo o Seu povo, e todo o Seu povo era ungido neles, eles foram ungidos por todos, pois todo o povo impôs suas mãos sobre eles; o qual quis dizer que houve uma identificação entre todo o povo e aqueles que permaneciam representativamente por eles. O principio é transferido para o Novo Testamento, e todo o povo do Senhor é chamado para a unção. Penso que João deixa isso perfeitamente claro nesta primeira carta, a partir da qual temos lido. Ele está falando aos “meus filhinhos”, e ele fala a eles da unção que eles tinham recebido, e que estava neles, e ensinava eles. Por isso, quando usamos a palavra “oficial” não estamos falando de alguma classe especifica de pessoas; queremos dizer que a unção delimita-se na questão da vocação, do serviço ativo, do propósito em Cristo.

Você agora pode traçar essa verdade direto se você quiser. Você pode traçá-la de antes da presente criação, pois evidentemente a unção era conhecida antes de que Adão fosse criado. Ezequiel 28 fala de um que foi denominado “O Querubim ungido que cobria”. Lúcifer foi provavelmente ungido para um oficio especifico em relação ao pensamento e propósito universal de Deus. Era uma posição o que estava envolvido na unção. E então ao longo de todo o Velho Testamento você descobre que a unção carregava consigo algo de um caráter ativo em relação ao propósito de Deus. Introduziu ação; introduziu vocação. Carregava consigo posição, dignidade, e outras varias características.

No Novo Testamento, é claro, o assunto é bem patente. Com o Senhor Jesus – Ele nasceu do Espírito; não temos direito de dizer que o Espírito do Senhor não estava com Ele pelos trina anos de silêncio, mas mesmo assim quando Ele passou por cima da linha que dividia Sua vida privada do Seu ministério público houve aquilo que denotou a unção, e sob a unção pelo céu aberto Ele entrou no Seu ministério, digamos – Sua obra oficial. Foi um passo para entrar na Sua vocação celestial, sob e em virtude da unção. E assim sempre foi.

Os Apóstolos eram proibidos de se moverem, com toda a totalidade da doutrina que eles possuíam quanto aos fatos de Cristo historicamente, eles foram proibidos de se moverem mesmo depois da comissão ter sido dada para ir pelo mundo, até esse dia em que o dom chegasse, a vinda do Espírito. Eles não só receberam o Espírito mas o Espírito veio também a eles como a unção, para a comissão. Tinha esse aspecto. Eles receberam o Espírito, eles foram batizados pelo Espírito, eles foram cheios com o Espírito, mas eles também foram ungidos na mesma hora, o qual colocou a eles numa posição de vocação ativa e fez a comissão possível.

O Apóstolo Paulo seguindo mais tarde, usou estas palavras que lemos de 2 Corintios 1:21: “Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo, e nos ungiu, é Deus”. Acho que ele estava se referindo a ele mesmo, a Silvano e a Timóteo, mas ele também estava ligando os Corintios com ele mesmo e os outros nesta unção. Seria muito proveitoso se pudéssemos ficar para ver como a segunda carta aos Corintios torna isso possível. A primeira carta é corretiva; a segunda carta é construtiva. Na primeira carta há uma necessidade para – digamos – derrubar uma falsa estrutura; na segunda carta há uma colocação de uma estrutura correta. A primeira carta é uma busca para obter um ajuste ao Senhor, mas a segunda carta vê um povo ajustado comissionado.

A segunda carta aos Corintios é serviço, como você sabe. “Pelo que, visto que temos este ministério”: “este ministério”, essa é a chave para a segunda carta. “Pelo que, visto que temos este ministério, assim como já alcançamos misericórdia, não desfalecemos; pelo contrário, rejeitamos as coisas ocultas, que são vergonhosas”: “Temos porém, este tesouro em vasos de barro”. E nosso ministério é esse brilhar de Cristo em Quem a glória de Deus tem sido revelada em nossos corações para destruir as obras escurecedoras daquele que escurece as mentes dos que não creem. É na segunda carta que o ministério aparece. E assim a questão da unção para esse ministério aparece no primeiro capítulo.

Agora tenho dito o suficiente para indicar que a unção está especificamente relacionada com vocação e ação, e tendo dito isso, podemos ver o que o Senhor está desejoso de nos dizer nestes dias.

O Ministério Multiforme

Quero dizer só uma outra palavra geral, e é esta; que podem haver praticamente inúmeras fases e aspectos do propósito de Deus, podem haver tantos aspectos do propósito de Deus ou do seu cumprimento quanto existem crentes. Pode ser que o propósito de Deus chame alguém para uma fabrica, a outro para uma oficina, a outro para ensinar numa escola, a outro para um ministério de tempo integral na Palavra do Senhor no país ou no exterior. E assim podemos ir por todas as vocações dos filhos de Deus aqui na terra, e em cada uma delas se eles estão lá na vontade de Deus, algum fragmento, aspecto, fase do propósito de Deus deve ser ligado a isso, e sendo assim será tão necessário e tão possivelmente abençoador eles serem designados para ensinar numa escola, trabalhar numa fabrica, trabalhar nas tarefas domésticas, quanto é trabalhar no que chamamos “o ministério”.Unção, amados, pode entrar na cozinha, na escola, em qualquer lugar onde Deus designar, e a unção é justamente tão necessária lá quanto em qualquer outro lugar; e é algo muito abençoador saber que para todas as formas de trabalho para a Casa do Senhor existe unção. Isso é deixado muito claro na Palavra de Deus. E ter professores de escola ungidos, e trabalhadores de fabrica ungidos, e ajudantes domésticos ungidos, e tudo ungido, compõe a função completa da Casa de Deus em todos seus ministérios.

Agora é claro, é importante que estejamos no nosso trabalho pela vontade de Deus, e sinto que existe uma grande necessidade por mais atenção piedosa para assumir as vocações sob orientação Divina, a fim de que estando nisso na vontade de Deus possa haver unção, porque nisso todo o propósito de Deus está ligado. Não vou tratar com o que é o propósito de Deus, pelo momento. Estou meramente fazendo observações gerais pelo momento para avançar a algo mais específico dia a dia. Mas a unção não é só para o que chamamos uma classe ministerial, ou para missionários saindo para o exterior. A unção é para cada membro da Casa de Deus cumprir uma designação Divina na obra para a qual Deus chamar eles enquanto estão aqui na terra. A unção é tanto possível como necessária, e é para todos. É para cumprir a vocação; porque sejam quais forem nossas vocações terrenais, conforme somos conduzidos a elas pelo Senhor, existe uma vocação celestial. Existe aquilo que é de Deus consagrado dentro daquilo para o qual somos conduzidos pelo Senhor aqui na terra, seja o que for.

Muitos têm achado no trabalho o que eles nunca teriam escolhido para eles mesmos, em vocações das que eles frequentemente tem procurado escapar e sair. Que sendo mantidos lá ou conduzidos lá pelo Senhor e ao fim tendo chegado ao lugar onde eles reconhecem que esse é o lugar onde o Senhor colocou eles, e eles o aceitaram com todos os seus corações e dito: “Senhor, já não me irrito mais com isto, o aceito e me entrego a isso para toda a Sua vontade e propósito nisso, eu reclamo para isto na Sua vontade, toda a capacitação do Espírito Santo”, eles acharam lá o cumprimento de um fragmento do grande propósito Divino o qual nunca poderiam ter cumprido em qualquer outra coisa. O problema é que muitas pessoas têm alguma concepção falsa sobre o ministério, e que o ministério é uma coisa e servir o Senhor nisto e naquilo e naquilo outro é uma outra coisa. O ministério é aquilo que o Espírito Santo capacita você a fazer em qualquer esfera e ocupação para a qual o Senhor conduzir você.

Ora, estas são observações muito gerais, porém não sem sua importância quando começamos a falar sobre a unção, porque tenho medo em falar acerca da unção do Espírito Santo e pessoas começarem a ter ideias de compartimentos à prova de água e pensarem que é para alguma obra espiritual exclusiva, sendo um “ministro”, ou “missionário” indo para o exterior, tendo reuniões – sim, muitas pessoas pensam isso, mas não é assim. A unção é para qualquer e cada coisa à que o Senhor chamar: lá teremos a unção.

Davi – Um Grande Exemplo da Unção

Tendo dito isso, quero chegar mais perto de nossa matéria. Tenho lido estas porções dos livros de Samuel porque em grande parte, penso que vamos ficar ocupados com Davi. Davi, tem no âmbito de sua vida quase tudo o que queremos saber sobre o significado da unção. Tenho certeza de que nunca o esgotaremos nestas mensagens, porém sinto que o Senhor nos dirá algumas coisas muito preciosas a partir da experiência e história do Seu servo Davi em conexão com a unção.

Lemos sobre a unção de Davi. Se você olhar esse capítulo novamente, 1Sam. 16, você descobrirá que aparece quando Deus rejeitou finalmente a Saul, e Samuel é comandado a respeito da unção do homem próprio de Deus, o homem segundo o Seu coração. Samuel ficou evidentemente lamentando-se bastante por Saul, como a abertura do capítulo mostra, e o Senhor reafirma Sua rejeição e comanda ele para encher seu chifre de óleo: “...e vá, enviar-te-ei a Jessé o Belemita: porque dentre seus filhos Me provi um rei”. Samuel está um pouco temeroso de tomar esta ação. Ele está evidentemente com medo de Saul, e quer saber como a coisa pode ser feita sem ele ficar envolvido nos perigos de ungir um sucessor de um rei vivo, ou alguém para tomar seu lugar. Mas o Senhor leva ele, e leva ele até Jessé, e como você sabe, todos os filhos de Jessé exceto Davi, foram chamados.

E o Senhor deu a Samuel estas duas coisas: “dentre seus filhos Me provi um rei”: e depois o Senhor disse definitivamente: “não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza de sua estatura, porque eu o rejeitei; porque o Senhor não vê como o homem vê, pois o homem olha para o que está diante de seus olhos, porém o Senhor olha para o coração”. O Senhor sabe do perigo disto. O Senhor sabe como os Seus propósitos podem logo ser desviados, quão fácil será para a Sua intenção ser impedida ou frustrada. O Senhor está tendo em conta tudo. Ele sabe o que vai se seguir. Ele sabe o que este movimento envolve, e portanto Ele toma precauções em Suas palavras a Samuel, e diz a ele numa palavra precavida: “não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza de sua estatura; porque o rejeitei: porque o Senhor não vê como o homem vê; pois o homem olha para o que está diante de seus olhos, porém o Senhor olha para o coração”. Ora, isso é uma precaução contra uma repetição do que tinha acontecido. Eliabe, este atraente, filho alto de Jessé, foi trazido, e ele em sua estatura e aparência comparava-se favoravelmente com Saul, o qual era patamar muito acima do resto de Israel. Isso era o que ele era em si mesmo, e Samuel ficou em perigo de ser impressionado com o que o homem era em si mesmo, e achar aquilo que obviamente, sem nenhuma dificuldade, recomendaria a si mesmo para o povo estando numa linha com Saul. Isso estava sublinhando todo este assunto; que houvesse a seleção de algo sobre uma base natural que recomendaria a si próprio pelo que era em si mesmo. E o Senhor estava rejeitando tudo, por mais atraente e grande que seja, que era algo em si mesmo; Ele rejeitava. “Eu o tenho rejeitado”.

E então eles continuam, e mesmo Samuel quase quebra esse assunto: “certamente este aqui é...” disse Samuel, no seu entendimento natural, no seu próprio juízo, no que apelava a ele em si, ele teria agido e ungido o homem pelo que ele é em si mesmo; e ao longo de todo o percurso, todo esse tipo de coisa o Senhor rejeitava. O Senhor rejeitou até o final tudo que era algo em si mesmo e que poderia recomendar a si próprio para o homem natural, recomendar-se para as pessoas religiosas como tal. Não! O Senhor não iria ter nenhuma repetição deste assunto. Ele rejeitou, e não há nenhum jeito para o que é algo em si mesmo por natureza.

Bem, não houve nenhum pensamento de trazer a Davi. Evidentemente, Samuel lembrou o que o Senhor disse: “dentre seus filhos Me provi de um rei”. “Estão aqui todos seus filhos?” “Bem, tem um outro, mas pensei que não valia a pena trazê-lo; ele está mais acostumado com as ovelhas do que com qualquer outra coisa, e ele está lá fora cuidando dessas ovelhas”. “Ele é o mais novo, o mais insignificante, não vale a pena trazê-lo; pensei que ele não importasse de forma alguma”. Temo que Samuel, numa forma não esperançosa, disse: “manda trazê-lo, porquanto não nos sentaremos até que ele venha aqui”.

Uma situação excessivamente perplexa. E então trouxeram a Davi, e quando trouxeram ele no Senhor, disse: “Levanta-te e unge-o; porque é este mesmo”. Algo é dito acerca de Davi que parece contradizer o que tenho dito. Algo bom é dito sobre ele, sobre a sua aparência. Diz que ele era ruivo, e de gentil aspecto. Me pergunto por que isso? E por que deveria ser colocado na posição onde é colocado. Isto não é colocado numa posição onde é um ponto de recomendação para a unção. Não é feito o terreno da unção, porém sim representa algo quando o mandado para ungir é dado, pois é essa expressão externa de uma história secreta com Deus. É isso ao que quero chegar.

História Secreta com Deus

Você lembra que quando mais tarde, depois da unção e depois de ter Davi aparentemente voltado para as ovelhas, pois ele voltou após a unção, e não foi até depois de provavelmente quarenta dias a batalha começar, que Davi foi enviado pelo seu pai com presentes para seus irmãos, e ouviu o desafio do gigante, que um pouco da história secreta apareceu. Quando Saul interrogou ele, ele falou sobre o leão e o urso, e como o Senhor o libertou. Aí estava aquele que dentre os homens não tinha lugar, que foi rejeitado dos homens, tido como não tendo nenhuma posição ou dignidade de reconhecimento dentre os homens, mas que tinha uma história secreta com Deus no campo, talvez no deserto, e essa história secreta, acho que está ligada com o que disse sobre a sua aparência. Há aquilo que personifica algo de Deus, essa expressão, essa beleza, esse avermelhado. É colocado nessa posição, não como o terreno de seleção ou escolha, ou aprovação, mas como um testemunho para uma outra coisa no contexto de sua vida. É verdade que muitas vezes aquele que o Senhor escolhe parece ter algo que recomenda-se para o homem; um semblante ruivo, uma beleza que os outros tem em conta, e dizem: “Bem, está claro que o Senhor escolheu esse aí, é obvio que o Senhor ungiu esse aí,” e eles começam a achar que essa aparência, essa presença, essa beleza, essa expressão, é o terreno sobre o qual o Senhor tem ungido eles: porém nunca, nunca! O Senhor nunca ungiu alguém pelo que eles eram neles mesmos. O Senhor somente unge na base de uma história secreta com Ele. Davi – existia um passado com Deus o qual levou ele até a sua posição dentre os homens, mas não foi o que ele era por natureza, em si próprio.

Observe com Saul, ele foi ungido no começo, porém a unção significou que existia algo dado a ele o qual não era dele mesmo, e imediatamente Saul começou a agir a partir de si mesmo separado de Deus, a unção foi retirada. Esse foi o pano de fundo de sua queda. Ele não esperou por Samuel, ele agiu de si mesmo e não sob a unção. E perdeu a unção. Observe isto. Embora tenhamos o Espírito, amados, tenhamos recebido o Espírito e o Espírito habite em nós como uma Presença residindo no interior, e falha ocorrer nas nossas vidas, o Espírito pode não se retirar de nós por causa da falha agora nesta dispensação, porém podemos perder a unção. A unção é uma coisa e ter o Espírito é outra. A unção representa o equipamento para nossa vocação, e podemos perder isso. A unção trouce para alguns talvez a habilidade espiritual para ensinar, ou para um propósito ou outro de caráter vocacional prático, a unção tem estado com eles para isso, e por fazer errado eles perderam essa unção, perdendo não o poder para falar, mas o poder para ministrar: não o poder para pregar, mas o poder em pregar para atingir os corações dos homens. O risco é que podemos continuar com o oficio e perder o unguento; e, embora não percamos o Espírito perderemos a unção.

A Unção Implica Colocar o Homem por Natureza de Lado

Agora, a primeiríssima coisa que chega até nós na vida de Davi é isto, que a unção é aquilo que coloca a natureza de lado e não leva em conta a natureza. Isso é muito importante. A unção diz muito claramente por toda a Palavra de Deus que tudo isto que se segue é de Deus e nada do homem. E demanda isso como a sua base. A base da unção é sempre o colocar o homem por natureza de lado. “Não olhes a sua aparência, ou a grandeza de sua estatura, porque o Senhor não vê como o homem vê; pois o homem olha na aparência externa, porém o Senhor olha no coração”. O olho do Senhor estava sobre o coração de Davi lá longe seguindo essas ovelhas. “Ele escolheu Davi e tomou ele dos apriscos das ovelhas”. A unção não vem sobre o terreno de que o homem é alguma coisa em si mesmo, mas que tudo é do Senhor.

Se você seguir isso pela Palavra de Deus, você verá que isso se aplica. O tome com o Senhor Jesus. A unção para o Seu ministério não veio até que Ele desceu nas águas do Jordão. Representativamente Ele estava agindo como homem e descendo nas águas do Jordão. Seu batismo, figura da Sua Cruz, declarou muito claramente que tudo a partir daí em diante era de Deus e nada Dele próprio, nada Dele mesmo. “Nada faço de mim mesmo”. Nessas águas Ele em figura, passou fora de vista, e agora a unção assume as coisas nesse terreno.

Paulo recebeu o Espírito quando ele foi para Damasco, e Ananias impôs as suas mãos nele. Ele recebeu o Espírito então, sendo batizado, porém a manifestação da unção não apareceu até por um tempo depois disso. Provavelmente ele foi ungido para a sua obra quando ele recebeu o Espírito, mas a expressão dessa unção não foi até um tempo depois disso. Ele permaneceu dois anos em Arabia. Sim, ele testificou. Você pode cumprir um ministério ocasional sem o pleno significado da sua unção sendo manifestada. A unção é para a coisa específica no propósito de Deus. A coisa pela qual você é escolhido, o vaso eleito. E não é até que tudo que é de nós mesmos tenha sido colocado de lado, todos nossos juízos, pensamentos, preferências, que entramos na plenitude da unção, porque não é até então, que entraremos na plenitude do propósito.

Se Paulo foi ungido quando recebeu o Espírito Santo em Damasco, houveram dois anos em Arabia, embora ele testifico em Damasco; e pelo menos um ano na assembleia em Antioquia. Sem duvida ele teve pedaços do ministério; sem dúvida outros viram que ele tinha o Espírito; sem duvida estavam se desenvolvendo características de um Apóstolo nele; porém logo no final de pelo menos três anos, o Espírito Santo disse: “Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra que os chamei”, e eles impuseram as mãos neles e os enviaram. E agora a unção vai se manifestar ao longo de plenas e especificas linhas no ministério; Ele esperou por isso. A unção pode ter estado lá. O Espírito estava indubitavelmente lá, mas agora ele está saindo para a obra para a qual ele foi um vaso preconhecido e preordenado, e para isso a plena medida da unção é manifestada.

O que aconteceu nesses dois anos? Não tenho duvida de que nesses dois anos em Arabia foram anos em que Saulo de Tarso estava a desaparecer bastante. Falando aos Romanos, ele diz que ele serve a Deus em seu espírito e em na novidade do espírito. Isso representa uma grande mudança e você pode ver a diferença entre o velho espírito no qual Saulo de Tarso servia Deus e o novo espírito no qual Paulo o Apóstolo servia Deus. Ele estava desaparecendo como Saulo. Ele está sendo submetido na Casa de Deus a qual não era natural num homem como Saulo de Tarso. Se algo fosse estranho para a natureza humana, a sujeição foi estranha para Saulo de Tarso. Você não pode imaginar Saulo de Tarso sendo sujeito a alguém. Porém agora doze meses numa assembleia em Antioquia, tendo tido que se submeter a si para orientação na assembleia em Damasco que ele estava indo para destruir, representa uma grande desaparição de Saulo de Tarso. E quando isto é feito, este colocar de lado, ele se torna mais um de uma assembleia dentre o resto, então o poder da unção pode ser manifestado e levar ele para a plena obra da sua vida. É sempre nessa base. Davi não foi contado dentre seus irmãos. O Senhor Jesus desaparecendo nas águas do Jordão. Saulo de Tarso desaparecendo no deserto da Arabia, e, como Saulo, desaparecendo de vista mesmo na assembleia de Deus; e então nesse terreno, a unção, essa é a vocação, o serviço.

Ora, isso pode levar tempo, amados. Leva tempo se livrar de nós. Deve haver uma profunda, história secreta com Deus antes de que o pleno significado da unção possa ser conhecida, ou manifestada. Pode levar anos para fazer isso, nos levar para o lugar onde não é a obra para o Senhor, mas onde não podemos fazer nada para o Senhor, e a menos que o Senhor faça tudo, nada será feito. É assim que chegamos para aquilo que Deus nos escolheu. A unção pode ser manifestada em todo seu significado tão logo que nós desaparecermos. E não estou dizendo meramente que nos desapareçamos como pecadores, mas também como pregadores, obreiros, organizadores religiosos, como figuras, como alguma coisa a ser levada em conta. Qualquer tipo, qualquer forma, qualquer medida da expressão dessa vida-própria horrível, autoconsciência, que quer ser levada em conta, que quer ser percebida; existem milhares de maneiras nas quais esta carne horrível trabalha para ser tida em conta mesmo no mais espiritual do povo do Senhor; que a espiritualidade em si mesma muitas vezes é tomada como um meio para ser levada em conta: ser santo a fim de que outros possam dizer: “como esse homem se derrama para Deus”. A carne pode entrar até na coisa mais santa, pode vir ao longo das linhas mais intensamente espirituais; pode se reclinar trás todas nossas mais sinceras aspirações; de nossa espiritualidade e devoção para ser levada em conta.

A carne opera muito sutilmente e só Deus sabe quando é dominada, quando está suficientemente sujeita para permitir Ele manifestar a unção e nos levar para a plenitude de nossa vocação. Alguns de nós temos sido muito dedicados ao Senhor, e muito sérios no serviço para o Senhor, porém temos tido nossas próprias ideias sobre a obra do Senhor, e temos chegado a ver depois, que elas eram nossas ideias; que eram algo que nós cremos ser completamente de Deus, e o Senhor teve que nos passar por um teste que nos mostrasse que com toda nossa honestidade e sinceridade, a coisa não era tanto de Deus quanto pensávamos. Ele o teve que fazer pelo moer para pulverizar, até que ficássemos realmente num estado dispostos a ter o melhor e máximo do Senhor. Teríamos dito com tremenda ênfase, com todo nosso coração, que estávamos dispostos para a vontade do Senhor, e se o Senhor nos testou para o largar de algumas das tradições de muito tempo, algo com o que tínhamos associações sentimentais, algo que para nós parecia estar tudo bem, e Ele dizer: “agora coloque isso no altar, rompa com isso, largue isso” nós não o teríamos feito; não o poderíamos ter feito. O Senhor teve que aprofundar coisas a fim de fazer essas coisas afundarem e perderem seu domínio sobre nós; mesmo as coisas que acreditávamos serem todas de acordo ao pleno propósito de Deus, tiveram que chegar ao lugar onde as largamos.

Nossos juízos sobre a obra de Deus, e nosso chamamento, e nosso ministério, e nossa obra, tudo isso têm que entrar no caldeirão, e temos que chegar ao lugar onde o Senhor pode realmente fazer qualquer coisa conosco. Você não pode se levantar numa reunião e dizer: “estou disposto para Deus fazer qualquer coisa comigo”. Estas coisas não podem ser feitas sob a emoção de uma hora ou um apelo. Às vezes leva anos para Deus nos trazer até esse lugar. E às vezes me pergunto quantos dos santos que têm pisado esta terra têm já chegado lá: se não há um ponto onde, se Ele colocar Seu dedo, Ele lidará com alguma questão. Só o Senhor sabe. Isto representa uma obra profunda onde o homem, mesmo religioso como tal, desaparece, e o Senhor mesmo se torna tudo. Então o Senhor poderá se mover para a plenitude do Seu propósito, e ao chegarmos na plenitude do Seu propósito então a plenitude da unção estará lá ao nosso encontro nisso. A unção é somente manifestada na medida na qual estamos no propósito de Deus. Quanto mais estejamos no propósito de Deus, mais a unção será manifestada.

A Unção é Deus Comprometendo-se

Agora não falaremos da unção como alguma coisa. A unção é Deus se comprometendo, e quando você vê isso você vê por que tudo o que tenho dito é tão verdadeiro. O que é a unção? Atos 10:38: “Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder: o qual andou por toda parte fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele”. Essa unção significou que Deus tinha se comprometido a Jesus de Nazaré. Isso não é colocar a Sua deidade de lado, porém isso é dito em relação ao Seu ministério. Deus tinha se comprometido a Jesus de Nazaré. Você lembra que é dito do Senhor Jesus mesmo que Ele não se comprometeria a eles por causa de que Ele sabia o que havia no homem; por isso, Ele não se comprometeria. Você acha que Deus, que conhece tudo, vai se comprometer ao homem em seu estado natural? O que o homem faria com Deus? O que a nossa carne faria com Deus se apenas pudéssemos usar Deus? Pense de Deus se colocando à nossa disposição e dizer: “você pode fazer Comigo o que você quiser”. Faríamos de Deus o próprio meio de nos fazermos Deus. Procuraríamos de nos fazermos Deus mesmo, usando Deus para esse fim. Nos colocaríamos na proeminência. Ele demanda a Cruz como a base de nossa unção.

Não existe unção sem a Cruz. Não existe unção, se não enquanto o homem naquilo que ele é em si mesmo desapareça de vista. E à medida que a Cruz é mais e mais profundamente forjada em nós, colocando-nos de lado, que mais e mais entramos no eterno propósito de Deus, e portanto, na unção. Ou seja, Deus se compromete. É algo grande quando Deus se compromete. O que não é possível quando Deus se compromete? Isso é a unção. Observe, a unção traz consigo uma dignidade. Sua própria honra, a considerar. Deus sempre foi mais honrado naqueles que estão mais vazios de si. Dignidade! porque, o filho mais humilde e fraco de Deus e servo de Deus, ungido com o Espírito Santo, tem compelido ao grande do mundo reconhecer algo maior, algo mais poderoso, um fator que eles não poderiam explicar sendo da natureza. Existe uma dignidade que surge com a unção.

O filho de Deus não é um pobre fraco, uma coisa servil que está de rosto para baixo para tudo mais neste mundo. A unção carrega aquilo que fala de Deus; confiança tranquila, dignidade, certeza; não dominação, não assertividade, porém dignidade. Isso marcava a presença do Senhor entre os homens. Os Governantes e as Autoridades não sabiam o que fazer com Ele, como obter o melhor Dele. Era uma dignidade tranquila. Eles estavam contra algo mais do que o homem, é elevação moral e espiritual. E a mansidão que é a mansidão de Cristo, é uma grande qualidade, algo tremendo, algo poderoso. Alguém disse em Keswick que pessoas frequentemente interpretavam mansidão como sendo fraqueza; porém a mansidão de Jesus Cristo nunca é fraqueza, é Deus. Deus se comprometeu. Isso é unção. Observe, isso é só a margem das coisas, mas é onde começamos. Davi, não permitido ter uma chance pelo homem, se torna o escolhido de Deus por causa de uma história secreta com Deus.

Amados, não é o que você e eu somos diante do homem, de nossa própria estrutura; é o que somos diante de Deus. Temos dito muitas vezes que é pessoalidade; mas o que é a pessoalidade? A pessoalidade é o caráter formado em secreto com Deus. Aquilo que surge de uma história secreta com Deus. É isso que se registra nos outros. É história secreta com Deus. E todas nossas próprias habilidades naturais simplesmente têm que se retirar para abrir caminho ao Senhor, então uma nova série de faculdades entram, as quais nascem no lugar secreto com o Senhor. Para ter a unção então temos que ter uma história secreta com Deus, e se outros são para serem comovidos pelo Espírito de Deus através de nós, somente pode ser conforme surgimos do lugar secreto onde temos estado habitando com o Senhor e tendo tudo resolvido lá pelo Senhor; julgado, corrigido, influenciado, ajustado; onde temos estado aprendendo o Senhor.

Se fôssemos habitar com o leão de Davi e o urso de Davi num grande conflito no segredo no qual o Senhor estivesse ligado, saberíamos o que isso significaria. Esses conflitos terríveis em secreto onde aprendemos o poder de Deus em vitória sobre o leão e o urso; essas béstias terríveis da esfera satânica e de nossas próprias vidas naturais. Aprendemos o grande poder de Deus em vitória secreta. É isso que traz a unção em público. Isso, e nada mais.


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