por T. Austin-Sparks
Capítulo 10 – O Objetivo Todo-Inclusivo
“Até que todos cheguemos à unidade da fé … à medida da estatura completa de Cristo”. (Efésios 4:13).
Tudo antes e depois disto nesta Carta tem o seu foco nesta frase. Você pergunta: “Do que trata toda esta Carta?” A resposta está em quatro palavras: “A Plenitude de Cristo”. Os dois usos desta palavra “Plenitude” pelo apóstolo nesta Carta não apenas resume toda a Carta, mas apresenta a coisa mais maravilhosa e notável neste documento, e, de fato, a coisa mais maravilhosa da Bíblia. No capítulo um, verso vinte e três, a espantosa declaração é que a Igreja, que é o Corpo de Cristo, é “a plenitude daquele que cumpre tudo em todos”. Isto parece claramente significar que Cristo não pode se tornar pleno como Cabeça sem o Seu Corpo: que Ele precisa e depende de Seu corpo para a Sua própria realização e expressão. Mais ainda: “Ele “cumpre tudo em todos”, porém, precisa de Seu corpo, a fim de cumprir o Seu propósito. O Corpo e a Sua plenitude, o Seu complemento. No capítulo quatro, verso treze, a finalidade desta verdade é trazida ao longo de uma linha para um climax futuro. “Até que todos alcancem” está linkado a uma provisão de funções multi facetado. Somos informados que, em Seu retorno para o Céu — “Quando Ele subiu às altyras” — o Senhor Jesus imediatamente “deu dons aos homens”. Foram dons pessoais, ou homens-dons, e os tais foram pessoas tornadas cativas d’Ele. Mas estes homens eram a expressão de várias funções: ‘Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores and Mestres — diferentes funções, cada uma dada “conforme a graça e a medida do dom recebido”, porém, todos unidos e energizados por um único objetivo. O Apóstolo — inclusive; os outros três (sendo Pastores e Mestres uma função) formando um ministério interrelacionado e interdependente. Não são diferentes “Escolas ou categorias trabalhando em separado, mas apenas aspectos ou funções de um único corpo. Tem que haver um reconhecimento mútuo, uma avaliação e uma cooperação mútua. A separação dessas três funções pode resultar numa condição de instabilidade, e, falta de equilíbrio sempre resulta em fraqueza e perda. Dar ênfase desmedida ao evangelismo resulta apenas em ter cristãos imaturos. Dar peso desmedido ao ensino pode resultar em introversão, a qual está divorciada do objetivo concernente à salvação dos homens.
Numa assembléia local, constituída pelo Espírito Santo, visando ao seu pleno crescimento, todas essas funções devem estar presentes. Aquele que ministra deve conhecer qual é o seu dom, a sua graça e a sua unção específica; e a assembleia também deve conhecê-la. As coisas ficam confusas quando existe uma tentativa de ser e de fazer algo contrário à unção. Que patéticas, e mesmo trágicas, situações surgem quando os homens tentam ser aquilo para o qual não foram ungidos! Um líder deve obviamente ser ungido para esta função, e a unção deve ser aceita e reconhecida. O mesmo deve ser verdade de todas as demais partes do ministério. Porém, cada dom pessoal deve — e isto é absolutamente imperativo — manter o único objetivo em mente, e definitivamente contribuir para ele. — “A plenitude de Cristo,” porque é a “medida do dom de Cristo”. A questão pode surgir quanto a conhecer qual é a nossa função particular. A resposta em geral, naturalmente, será que, se nós buscamos ser membros responsáveis do corpo, na igreja local, iremos descobrir que o Espírito Santo nos encarrega e nos exercita de modo particular. Observe: isto não é algo oficial. Isto é, não é algo que consiste em sermos ungidos por homens, ou por meio de nossa presunção, mas por meio do nosso exercício espontâneo e voluntário no tocante aos interesses de Cristo em Seu corpo. O Senhor salva o Seu corpo, e os seus ministros, da cena patética de ministérios que não são definitivamente a projeção do “Ele deu...”; nada de homens escolhidos e apontados; nada de franquear o púlpito para todo aquele que queira tomá-lo. O “dar” do Senhor é seletivo, específico e deliberado.
Devemos indicar aqui algo muito precioso e útil neste contexto do procedimento do Novo Testamento. Está indicado na primeira Carta a Timóteo, capítulo quarto, versículo quatorze, e implícito em vários outras passagens. “Não negligencies o dom que está em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério”. O “Presbitério” aqui não significa necessariamente apóstolos especiais, mas certamente o que diz em Primeira Timóteo, capítulo cinco, verso dezessete — “aos anciãos que governam bem”. Verdade, Paulo falou do “dom de Deus”, que está em ti por meio da imposição das minhas mãos” (2 Tim. 1:16). Pode parecer claro que, algumas vezes, havia uma oração sobre os membros do corpo de Cristo, e que, na oração, o Espírito Santo constrangia a pedir alguma qualificação através do qual as pessoas em questão fariam algo específico no corpo. Em outra parte Paulo exortou Timóteo a “cumprir a obra de evangelista, a cumprir cabalmente o ministério” (2 Tim. 4:5; A.V.), e a Arquipo ele enviou uma mensagem específica no sentido de que ele pudesse atentar para o ministério recebido do Senhor; que o cumprisse. (Col. 4:17). Pode ser uma coisa muito boa se todos os ministérios fosse resultado de tal ação específica em oração! Haveria muito mais “plenitude de Cristo”, e muito menos inificiência e inútil “sabedoria dos homens.”
Nossa passagem em Efésios quarto, verso treze, indica que o corpo, esteja universal ou localmente representado, deve, por intermédio dos ministérios, estar progredindo na direção à plenitude final. As palavras são “a edificação do corpo de Cristo”. O termo “Edificar” na Versão Autorizada, é meio tendencioso, porque carrega a idéia de uma edificação vertical, procedente dos ministros. Embora o crescimento seja corporativo, porém, deve ser verdade em cada membro. Embora Paulo misture suas metáforas, ora falando de um Templo, ora do corpo, ele finalmente apresenta o corpo como “o homem plenamente crescido” e o que ele quer dizer com edificar é visto no capítulo quatro, verso quatorze: “não mais sejam meninos.” É a transição da meninice, na qual as pessoas em questão estão sempre tendo que ser cuidadas e, como crianças, chamam a atenção o tempo todo para si mesmas, para uma posição em que podem assumir responsabilidade espiritual e cuidar dos outros, com uma preocupação voltada para os outros membros do corpo. É uma questão de aumento da medida de Cristo.
“Até...” representa um processo, um progresso; “até que cheguemos” é um objetivo corporativo; “a plenitude de Cristo” — alvo alcançado. Do capítulo quatro, versos dez a quinze, somos levados para trás, para a eleição, para o chamado e vocação, para a conduta e caminhada relevante, e, a partir de então, o conflito e a demanda por “posição”. Tudo faz referência e se foca no “alcançando a plenitude de Cristo”.
Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.