por T. Austin-Sparks
Sessão de Perguntas e Respostas
Q: ...O mesmo parece ter sido aplicado no caso de Paulo, ele primeiro teve os céus abertos para si, e foi este céu aberto e visão que teve através dos céus abertos que lhe possibilitou ser obediente à visão celestial, e a não fazer algo que fosse contrária às exigências dela. Não será este céu aberto, e esta visão que dele advém, os responsáveis pelo fornecimento do recurso que atrai e capacita a pessoa que os recebe a pagar o preço total nos dias subsequentes? Não serão este céu aberto e esta visão, em si mesmos, um poder que fornece o recurso necessário para que o indivíduo possa andar em conformidade às exigências exigidas? Nossa observação parece indicar que há pessoas que se demonstram muito dispostas a pagar qualquer preço; elas suportam todos os tipos de dificuldades; estão dispostas a enfrentar qualquer tipo de sacrifício, contudo, você não pode dizer que tais pessoas realmente vivem sob um céu aberto. Se a exigência é a de pagar o preço, a fim de se obter um céu aberto, então, não seria este o caso de se estar estabelecendo uma base de barganha? Resumindo: como podemos nós obter um céu aberto?
A: Isto não é algo difícil de se responder, como pode aparentar. A resposta é que a coisa funciona de ambos os modos. O Senhor Jesus foi muito cuidadoso ao fazer seus discípulos ficarem cientes de que havia um custo anexado ao discipulado. Hoje o discipulado do Senhor Jesus tornou-se algo muito barato. Mas João 12:24 deixa muito claro que há um grande preço anexado ao discipulado. O Senhor disse aos seus discípulos que, a menos que eles estivessem dispostos a sacrificar suas próprias vidas, não poderiam ser seus discípulos. Eles teriam que trilhar pelo caminho da cruz, a fim de poderem obter o céu aberto. A coisa funciona desta maneira. Eu antecipei esta questão esta manhã. Eu sabia que muitas pessoas iriam dizer: “E agora, como obtemos um céu aberto?” E eu não queria enganá-los, fazendo-os pensar que tudo isso é algo muito fácil. Eu apenas queria que vocês soubessem que há um preço anexado. Nós não pagamos preço algum pela nossa salvação, pois isto é algo sem preço. Mas há um custo anexado ao discipulado e ao céu aberto. Os discípulos jamais teriam chegado ao Pentecoste se não tivessem seguido pelo caminho da cruz. E eu tentei mostrar que Ezequiel foi introduzido ao caminho da cruz e do céu aberto desta mesma maneira.
Analisemos este lado por um momento: vocês percebem que com todos os profetas a coisa se deu desta maneira. A palavra do Senhor veio a Jeremias, chamando-o para o ministério de profeta; Jeremias imediatamente conseguir ver o que aquilo iria lhe custar e sentiu que não poderia enfrentá-lo. Foi o custo que o perturbou. O Senhor precisou dar a ele uma força muito especial; e o mesmo aconteceu a Ezequiel, e a Isaías, e a todos os profetas. Eu não acho que Paulo falhou em ver, durante aqueles dois anos de silêncio, o que o seu chamado iria lhe custar. Ele teve dois anos para pesar todo o significado do seu chamado. Durante esse tempo ele viu o que aquilo iria lhe custar; ele sabia que, a Jesus, custou a vida; que, a Estevão, também custou a vida; sabia muito bem qual tinha sido a atitude dos Judeus em relação a Jesus. Portanto, Paulo tinha que enfrentar o custo, e ele o aceitou, e, por isso, teve o céu aberto. A coisa funciona desta maneira. Mas o nosso irmão está perfeitamente correto ao salientar que funciona de outra maneira: o céu aberto realmente significa força para suportar. Algumas vezes o Senhor nos dá um céu aberto em determinada questão, por se tratar de um assunto progressivo. Embora possamos obter um céu aberto uma vez por todas, nós não recebemos tudo através do céu aberto ao mesmo tempo, sempre haverá mais e mais por vir. E, assim, a coisa funciona passo a passo: na medida em que o Senhor nos dá, somos fortalecidos. Esta questão, pois, funciona de ambos os modos.
O movimento para a frente enfrenta um custo; então, uma revelação fresca traz um novo custo. Porém, o que recebemos agora é uma força para que possamos avançar. Jamais devemos prosseguir, a menos que o nosso céu aberto esteja produzindo mais e mais. É somente aquilo que chega a nós o tempo todo desse céu aberto é que nos dá força para prosseguirmos. Então, a coisa funciona de ambas as maneiras, porém, a questão “compra de um céu aberto” naturalmente não vem ao caso, pois, o que enfrentamos aqui não é o mérito nem o motivo pelo qual devemos receber algo mais, e isso pela simples razão de que precisamos de toda a graça que Deus possa nos dar, a fim de podermos prosseguir com este céu aberto. Há tempos em que aqueles que têm tido o máximo de Deus sentem que não podem mais avançar. Eles precisam de mais graça, e, assim, é a graça, e não o mérito, agindo o tempo todo.
Eu me pergunto se vocês realmente estão entendendo que a coisa funciona de ambos os modos; funciona tanto para a frente como para trás. Será que isto responde a pergunta?
Q: Gostaria de me estender mais, a fim de expressar a minha pergunta. Minha questão está realmente implícita no que irei dizer. A igreja aqui em Taipei foi levantada há cerca de dez anos atrás. Podemos dividir a sua história em dois períodos. O período de seis anos atrás, isto é, o primeiro período. Durante este período as pessoas alcançavam mais facilmente a experiência da salvação. Era fácil para elas amarem o Senhor. Muitos, durante esse período, alcançavam um conhecimento do Senhor que lhes proporcionava salvação, e por isso o amavam verdadeiramente. E muitos abandonavam as suas profissões ou ocupações, a fim de servir ao Senhor. Estávamos muito conscientes da presença dele durante aquele período, e as pessoas estavam muito desejosas em participar das reuniões. Aquele período todo foi um período de primavera. Porém, durante os três últimos anos, ou mais, todas as igrejas locais entraram num tipo diferente de experiência; o caminho ficou extremamente difícil. Ficamos descontentes com várias circunstâncias; também tivemos a consciência de que o Senhor não estava mais satisfeito. Gostaria de mencionar vários aspectos disso.
Em primeiro lugar, não é fácil para as pessoas chegar a um conhecimento do Senhor Jesus na salvação, e, uma vez que elas tenham vindo a Cristo, não parece que de fato tenham chegado a uma experiência clara, de modo que, se tivermos uma centena de batismos, desta centena, pode haver apenas dez que realmente seguem ao Senhor. Se fôssemos contar de acordo com o número de batismos, não haveria acomodação aqui no recinto para todos eles! Mas, na verdade, o número permanece o mesmo. Há um número de pessoas que foram recentemente adicionadas, e outras em outro momento; um número que decresce. Este é o primeiro aspecto.
O segundo aspecto refere-se àqueles que já creram, e que acharam muito difícil prosseguir com o Senhor. A doçura dos primeiros dias desapareceu. Acreditamos que isto esteja na ordenação do Senhor, e, contudo, há um paradoxo aqui. Estamos cientes de muitas coisas em nossa vida que são contrárias ao prazer do Senhor. Falamos que devemos nos arrepender, e que deve haver uma mudança nessas condições internas. Contudo, de um lado, não temos força para mudar, e, de outro, preferimos esperar pela antiga condição, a fim de obter ajuda. Isto se aplica em particular àqueles dentre nós que têm se entregado a si mesmos para servir o Senhor, mas veem o serviço na igreja excessivamente difícil.
Qual deve ser a nossa atitude para com o Senhor? Não há nada a fazer, a não ser seguirmos firmemente neste caminho, ou existe salvação aqui? Tenho dificuldade para expressar a minha pergunta. Estou bastante insatisfeito com a minha própria condição espiritual; também estou insatisfeito com a condição da igreja. Estou insatisfeito em relação ao testemunho como um todo. Sinto-me um pouco como aquilo que ouvimos de Ezequiel lá no início. E muitos de nossos irmãos e irmãs também estão sentindo exatamente o mesmo que eu, porém não conseguimos encontrar o caminho. Será esta uma experiência no deserto? Um período de prova? Será que a coisa é desta maneira para que possamos ser despojados de toda a velha criação? Realmente imaginamos que o nosso irmão Sparks deva conhecer o real estado; acreditamos que ele irá nos dar uma oportunidade mais tarde para que possamos descobrir qual seja a sua reação a esse estado de coisas.
A: Tenho certa reserva em tentar responder esta pergunta, porque eu não conheço esta obra mais completamente. Vocês sabem, eu sou apenas um visitante, e o que sei é apenas aquilo que me contaram. Eu me pergunto se tenho o direito de falar a vocês a respeito desta obra aqui. Tentei fazer com que o irmão Lee respondesse esta pergunta, porque ele a conhece muito melhor do que eu, porém, ele pensa que eu deveria, a qualquer custo, dar a vocês um ou dois princípios.
Até onde consigo enxergar, há apenas duas coisas que eu poderia dizer. Nossos irmãos mencionaram um estado de coisas que não está agradando ao Senhor: isto é, coisas na vida do Seu povo. Bem, naturalmente, este é um assunto que somente vocês podem lidar com ele. Se existe realmente coisas na vida do povo do Senhor, ou dos Seus servos, que estão erradas, então, nesse caso, vocês não irão chegar a lugar algum até que elas sejam resolvidas. O caso requer um verdadeiro e correto autoexame. Falamos muito sobre os males da introspecção. E, naturalmente, existem de fato tais males. É algo muito perigoso ficar sempre focando os seus olhos para o seu interior, analisando a si mesmo. Ao mesmo tempo, a Palavra de Deus diz: “examine-se cada um a si mesmo, pois, se vos julgardes a vós mesmos, não sereis julgados”. Isto é, não sereis julgados por Deus. Assim, é muito necessário que todos possam ter uma conversa bem séria com o Senhor a respeito de suas próprias vidas. Não é uma questão de você descobrir se está amando ao Senhor, ou se está tão espiritualmente maduro como desejaria estar; não, é uma questão de se definir pecados. As coisas na sua vida são aquelas que você sabe que o Senhor não aprova? A coisa começa assim, individualmente e, por isso, é muito importante que todos os que estão em responsabilidade deem o primeiro passo em relação a si mesmos. Se vocês, irmãos e irmãs, estão em responsabilidade espiritual, então vocês devem começar com vocês mesmos. Devem perguntar a si mesmos: "Conheço eu, daquilo que o Senhor tem mostrado a mim, algo que esteja errado? Estou ciente de alguma coisa com a qual o Senhor tenha uma controvérsia? Tem o Senhor falado a mim a respeito de alguma coisa específica? Tem Ele colocado o Seu dedo sobre algo em particular?" Este é um tipo correto de autoexame. Pode ser algo dentre um conjunto de coisas; pode ser a nossa maneira de pensarmos a respeito das outras pessoas; pode ser a maneira de falarmos; pode ser isto que criticamos, enfim, pode ser uma dentre mil coisas. Mas nós sabemos se o Senhor nos tem dito algo acerca deste assunto, e, até que tenhamos este assunto tratado, o caminho da Vida permanecerá fechado.
Uma coisa na vida de um servo de Deus pode obstruir a obra de Deus. Lembrem-se de Acã; um único homem dentre milhares de Israel; ele apenas pegou uma cunha de ouro, enterrou-a dentro de sua tenda, e, em consequência disso, todo o Israel foi derrotado. Se o problema não for de ordem pessoal, pode ser de ordem familiar. Pode haver algo de errado em nossa família, e o Senhor não irá avançar enquanto persistir o problema. Bem, nós, na condição de responsáveis servos de Deus, temos que ver se o Senhor não tem alguma controvérsia conosco. Precisamos ser muito cuidadosos para não fazermos divisão entre a igreja e as outras coisas. Quero dizer, entre a igreja e a vida familiar. Não devemos fazer divisão entre a igreja e a nossa vida privada; é tudo uma coisa só. Não podemos ser uma coisa na igreja, e outra em nossos negócios. Nossa vida nos negócios e a nossa vida na família devem estar alinhadas a nossa vida na igreja. Temos que ser bastante exigentes em relação aos nossos negócios. Temos que ser absolutamente honestos perante a sociedade. Bem, talvez vocês jamais precisem que isso lhes seja dito, porém, nós começamos por onde começou o nosso irmão: a presente situação tem alguma coisa a ver com algo que está errado? Quando colocarmos as coisas em seus devidos lugares, então poderemos olhar para a questão a partir de um outro ponto de vista.
Lembrem-se que o Senhor, quando vai fazer alguma coisa nova, algo mais pleno, Ele sempre faz aquilo entrar em trabalho de parto antes. Nosso irmão disse: “Nós não estamos satisfeitos. Estamos preocupados com esta situação". Quando ele falou isso, eu perguntei para mim mesmo, será que ele quer ficar satisfeito? É sempre algo muito perigoso estar satisfeito. O Senhor nos livre de algum dia ficarmos satisfeitos, e eu disse outro dia que Deus sempre começa colocando o Seu descontentamento em nossos corações. E todo movimento mais amplo do Senhor começa dessa maneira. O Senhor jamais irá fazer qualquer outro movimento enquanto estivermos satisfeitos com as coisas do jeito que elas estão. Haverá sempre um inverno antes do verão. Quando vocês olham para as árvores frutíferas durante a primavera, as flores são muito bonitas, de modo que todo mundo quer olhar para elas; isto é algo que vocês podem ver, e que é muito amável. E, então, chegam os ventos e a chuva, e toda a florada é varrida para longe, e, então, vocês dizem: “Que pena; oh, que pena que perdemos todas as flores da árvore!” Porém, vocês nunca obteriam o fruto se as flores não fossem arrancadas. Jamais teriam o fruto se não tivessem as tempestades. Jamais teriam o fruto se a árvore não fosse desnudada. Esta é uma lei de Deus na natureza; é uma lei de Deus em Sua própria obra.
Há períodos na história da igreja em que ela passa por um tempo real de morte e de trevas, porém, se vocês saíssem por entre as árvores durante a primavera, quando os ventos estão soprando, se prestassem atenção, ouviriam as árvores rachando e gemendo. Toda a criação está gemendo. Isto é muito verdadeiro. Algumas vezes na floresta vocês podem ouvir o estampido do rachar das árvores. O que está acontecendo? É a nova vida que está surgindo. Ela está abrindo o seu caminho; está forçando a velha vida do ano anterior a sair da frente; está abrindo caminho para a nova vida deste ano. Há uma terrível rachadura e um gemido em curso. Não é sinal de morte, mas sim de vida! Quando alguma coisa está morta, não há gemido, nem estalido. Se vocês estão enfrentando algum problema, isto é um bom sinal, pois é o trabalho de parto para uma nova vida. Bem, ainda assim, não se fixem em seus gemidos, mas se apeguem ao Senhor, para obter dele a coisa nova.
Estou muito feliz que esta obra esteja caracterizada por certo tipo de insatisfação. Ao olhar para as centenas de pessoas que estiveram reunidas aqui nos dias anteriores, disse para mim mesmo: a pior coisa que pode acontecer a esta obra é ela estar satisfeita: "Temos centenas de pessoas, temos uma grande fatia da obra!" Esta seria a pior coisa que poderia acontecer a vocês. Espero que jamais possa chegar esse dia em que vocês digam que estão satisfeitos, em que vocês olhem para as coisas e digam o mesmo que disse Nabucodonozor a respeito de Babilônia: "Vejam a grande Babilônia que eu edifiquei". Babilônia acabou quando isso aconteceu. A contínua vida e crescimento de vocês irão vir ao longo desta linha da insatisfação, porém, o trabalho de parto de vocês deve levá-los a uma forte e unida oração. A coisa nova do Senhor deve nascer de um real sofrimento da alma. Vocês não devem olhar para a situação e se lamentar dela, e deixá-la lá; vocês devem trazê-la para uma oração muito definida. A igreja toda, e todas as igrejas, devem se concentrar nesta questão. Um grande clamor deve subir ao Senhor sobre isso. Talvez seja isso que o Senhor está esperando.
Q: Cerca de um ano atrás, muitos obreiros de tempo integral, tanto irmãos como irmãs, enxergaram a verdade de que estão crucificados com Cristo, e experimentaram uma nova libertação. Algum tempo depois, passaram por um período de luta, correspondente a Romanos 7. Depois disso, ganharam um pouco mais de luz e experimentaram uma libertação mais plena, e, por um tempo, permaneceram numa medida considerável de liberdade, tanto em suas vidas de oração, como no serviço; experimentaram uma real emancipação. Após isso, as coisas ficaram piores do que nunca. Alguns pensaram que aquilo provou ser tudo falso. Será que aquilo era verdadeiro, ou falso? Será que aquilo se deu por causa da falta de comunhão, o que fez com que se voltassem para a vida interior, perdendo, assim, o que haviam ganhado? Aparentemente, nenhum grande fruto veio daquela libertação mais plena, porém, alguns progrediram na questão do conhecimento da Palavra. Gostaríamos de uma interpretação desse estado de coisas, pois não sabemos como ajudar os nossos irmãos e irmãs, e também não sabemos dar uma resposta para o problema.
A: Aqui novamente, eu trabalho na dificuldade. Vocês sabem, tudo o que eu sei é o que o nosso irmão acabou de dizer. Eu não estava aqui quando a coisa aconteceu; eu não vi o que aconteceu; eu apenas tive um relato. Creio que o nosso irmão tenha dado um relato fiel, mas como serei capaz de dizer se é alma ou espírito? Teria que examinar a coisa bem mais de perto, a fim de poder conhecer mais a respeito. Naturalmente, é possível ter essas experiências apenas no campo da alma. Podem ser experiências apenas emocionais. Por outro lado, podem ser coisas completamente falsas; podem ser enganos do diabo. Isto viria, naturalmente, ao longo da linha da alma. Vamos apenas lidar com essas questões primeiro.
Vamos ilustrar a partir de uma boa dose de falsa experiência espiritual. Ela recebe determinado nome em nossa época, mas não irei usá-lo aqui, porém, o fato é que existe tal situação, e é algo muito terrível, e muitos dos nossos institutos para doentes mentais estão lotados de pessoas, e multidões de cristãos estão neste exato momento inteiramente no escuro, em relação a sua salvação. Acreditam terem cometido o pecado imperdoável. Por isso, têm dúvidas se ainda são pessoas salvas. São cristãos; mas como é que isso aconteceu? Eles acabaram ficando presos dentro do terreno psicológico, da alma. Foi dito a eles que o sinal do batismo do Espírito Santo era o falar em línguas, por isso, eles se esforçaram ao máximo para adquirir este batismo, e fatigaram as suas almas, a fim de obter esta experiência. Esforçaram-se acima de sua condição psíquica e, então, algo aconteceu: começaram a “falar em línguas”, e essas experiências realmente aconteceram. Isto continuou por algum tempo, mas depois tudo acabou. Então o diabo imediatamente entrou e disse: “Vocês cometeram o pecado imperdoável; vocês pecaram contra o Espírito Santo”. E o resultado foi que eles perderam a cabeça; perderam a segurança da salvação. Mas a coisa toda era falsa, foi apenas uma decepção; não era o batismo do Espírito Santo; era apenas algo puramente psicológico. O Diabo havia entrado e dado algo a eles, e, depois, em seguida, tirou deles aquilo que lhes havia dado e disse: "Vocês pecaram contra o Espírito Santo!” Obviamente esta é uma situação extrema; mas é possível ter isso de modo bem mais moderado, isto é, se você extravasar na sua alma, com todas as suas emoções, você pode obter determinada experiência, porém, ela irá passar, e você irá ficar numa situação pior do que estava antes. Este é um aspecto desta situação, porém, é uma situação bastante comum.
Por outro lado, vocês devem lembrar que as novas experiências com o Senhor normalmente vêm acompanhadas de certa alegria muito especial, há algo muito maravilhoso a respeito delas e você fica na superfície dessas experiências por certo tempo, porém, o Senhor não nos quer vivendo na superfície de experiências. O Senhor não nos quer vivendo numa experiência; Ele nos quer vivendo nEle mesmo. E, por isso, após certo tempo, a coisa desce para um nível mais profundo. Vamos ilustrar por meio da vida conjugal.
No início da vida de casado, tudo é muito maravilhoso. Pessoas recém-casadas dizem coisas muito agradáveis umas para as outras, e acham que a vida agora é uma questão de dizer coisas agradáveis uma para a outra. Agora, após alguns anos, naturalmente elas continuam dizendo coisas agradáveis umas às outras, porém, a coisa desce para um nível mais profundo. O relacionamento fica mais forte. Aleluia! Fica cada vez mais profundo! Eu conheço melhor o Senhor hoje do que conhecia anteriormente; o Senhor conduz as coisas para um nível mais profundo. E, após um tempo, descobrimos haver algo mais do que imaginamos; descobrimos que aquilo que o Senhor fez foi mais profundo. A vida espiritual é assim durante todo o caminho; você tem uma experiência com o Senhor, e pensa não haver nada mais maravilhoso do que aquilo, porém, tudo se acaba e você passa por um período difícil – você chega a pensar que está tudo acabado. E, então, o Senhor volta novamente e há algo mais dessa vez do que havia anteriormente, mas logo a coisa acaba novamente. E é assim que você caminha o tempo todo; toda nova morte leva a uma vida mais plena; esta é a lei da vida espiritual.
Enquanto atravessamos esse período de morte, achamos que tudo está perdido, porém, é apenas um grão de trigo caído no solo, e, algumas vezes, queremos desenterrá-lo, para ver se realmente está lá; apenas dar uma olhada, a fim de ver se tudo não se perdeu. Penso ser exatamente isso o que o nosso irmão está fazendo agora. Ele está desenterrando o grão de trigo, a fim de verificar se sobrou alguma coisa lá, afinal. Mas você precisa deixar o grão lá, para que ele possa surgir em vida. Sua vida espiritual será desta maneira ao longo de todo o caminho; bem, a minha vida espiritual tem sido assim: é vida, morte; morte, e vida. É desta maneira. Os tempos escuros são muito difíceis, porém, não vamos perder a nossa fé; "Aquele que em vós começou a boa obra, ele mesmo irá aperfeiçoá-la até o dia de Cristo Jesus".
Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.