por T. Austin-Sparks
Capítulo 3 - “Chegamos ao Monte Sião”
Enquanto esperamos em Ti [em Ti, Senhor, esperamos] e enquanto de fato precisamos de Ti para nos abençoar, pedimos que Tu nos abençoe enquanto esperamos em Ti, nós nos levantaríamos até mesmo mais alto e diríamos,Senhor, satisfaça a Ti mesmo. Receba para Ti mesmo a recompensa pelos Teus sofrimentos, pelos sofrimentos de Tua alma. Senhor, encontre a Tua própria satisfação. Nossas vontades, sabemos, seguem. Nós não perderemos coisas alguma se o Senhor receber aquilo que Ele deseja. E assim, que possamos encontrar a nossa benção em Tua benção, em Teu nome. Amém.
A Carta aos Hebreus, e nós estamos esta manhã vindo para a concentração de toda carta em apenas uma seção. No capítulo 12, você notará que esta concentração de toda a carta nesta seção é governada por duas palavras, “Não _ Mas”. Versos 18–25:
“Porque não chegastes ao monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, E ao sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual os que a ouviram pediram que se lhes não falasse mais; Porque não podiam suportar o que se lhes mandava: Se até um animal tocar o monte será apedrejado ou passado com um dardo. E tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou todo assombrado, e tremendo. Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; À universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; E a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel. Vede que não rejeiteis ao que fala;”
Não—Mas. Não iremos ater-nos aos vários detalhes reunidos debaixo do “Não”. Iremos simplesmente dizer que isto representa uma tremenda mudança de um sistema de atividade e método Divino, que no passado era de natureza tangível, palpável, de sentimento, _ o que você podia ver com os seus olhos naturais, e ouvir com os seus ouvidos naturais, e tocar com as suas mãos, e registrar através de seus sentidos de sua alma e corpo. Isto compreende o sistema passado, e sobre isso está escrito “NÃO” _ não mais. Este tipo de coisa foi deixado para trás. E, anote aí, caro amigo, é porque isso foi desprezado, e não foi reconhecido é que o Cristianismo está pobre hoje, porque está amplamente baseado sobre este “NÃO”. Você verá isto mais adiante, talvez, enquanto prosseguimos para o lado positivo. Mas registre isto, registre aquilo a que você ainda não chegou. Tome-o sentença por sentença em sua significação, e veja a que nós não chegamos. Nós não chegamos a um sistema que pode ser apropriado e conhecido pelos sentidos naturais. Isto é abrangente, que toca muito, que está acabado. A Cruz está no meio desse “Não” e este “mas temos chegado”.
Agora eu quero ser bem implícito e cuidadoso. Será que eles realmente chegaram ao Sinai? Você viu a descrição? O Espírito Santo através do escritor faz isto tão real, definitivo, positivo e enfático que até mesmo Moisés, que tinha acesso a Deus, que tinha tanta amizade com Deus, com quem ele falava face a face, como um homem ao seu amigo, este homem disse: “Estou todo assombrado e tremendo”. Era aquilo real? Era aquilo imaginário? Era aquilo abstrato? Não, aquilo era muito real. As pessoas gritavam: “Chega, não podemos suportar isto.” Era muito real! É a isso que eles haviam chegado. Se você estivesse lá, sem dúvida, teria dito: “Não há nada imaginário aqui. Isto é algo terrível.” “Mas temos chegado”, e você diria que o “MAS” é menos real do que o “NÃO”? Diria você que isto a que temos chegado hoje é abstrato, enquanto aquilo era concreto? Oh, não, estou certo de que isto é até mais real; e, caros amigos, este é o ponto sobre o qual devemos focar todas as coisas, a realidade daquilo a que chegamos.
Quando você prossegue e analisa tudo isto em seus detalhes, se você se basear em seus próprios sentidos, os sentidos da mente e da alma, você ficará completamente confuso. É que parece tão idealístico ou imaginário, tão etéreo, tão irreal. Veja, para o natural, o espiritual é irreal. Para o homem natural, para o homem de alma, aquilo que é essencialmente e intrinsecamente espiritual é irreal. Sua reação é “Oh, sejamos práticos, vamos ficar com os pés no chão, vamos descer das nuvens e pisar no chão firme, vamos ficar com as coisas que são mais reais.” Esta é a reação do homem natural ao espiritual. Mas, para o homem espiritual, as coisas espirituais são mais reais do que as coisas tangíveis. E isto a que temos chegado, para dizer o mínimo, é tão real quanto aquilo a que eles haviam chegado no Sinai, muito embora siga uma ordem diferente.
Agora, quero que você preste atenção no tempo do verbo, porque isto é muito importante: “chegamos ao Monte Sião” Nós não estamos chegando; nós não estamos indo, e nem iremos chegar a Sião. NÃO, “nós estamos, nós já chegamos”. Eu sei que você irá prosseguir cantando: “Estamos Marchando para Sião”. Sabemos o que você quer dizer, mas nós não estamos marchando para Sião. A Palavra diz: “Mas temos chegado a Sião”, tempo presente. Nós estamos em Sião agora. Você percebeu isto? Existe aqui, naturalmente, um contraste entre Sinai e Sião, mas não é apenas um contraste aqui, mas perceba, e preste atenção no que acabei de dizer, é mais do que um contraste, é uma consumação!
Este Sião estava no horizonte para Israel, lá no princípio. Eu penso que é uma coisa espantosa e impressionante vermos o povo atravessando o Mar Vermelho e saindo lá do outro lado; e então, você olha para Êxodo 15 e os vê lá do outro lado, e ainda, exatamente lá, antes que o povo tivesse marchado pelo deserto em direção a terra — ou tivesse ido para qualquer outro lugar além daquele ponto _ você tem o seguinte:
“Tu os introduzirás, e os plantarás no monte da tua herança, no lugar que tu, ó Senhor, aparelhaste para a tua habitação, no santuário, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram.”
Já lá no início Sião está em vista, como o fim, a consumação das jornadas e das experiências do povo. Durante os próximos quarenta anos? Ah, sim, e muitos mais. Sião está no horizonte desde o princípio. Sião não é o começo; Sião é a consumação de tudo.
Isto está na Carta aos Hebreus. Nos tempos antigos, eles estavam caminhando, estágio por estágio, fase por fase, passo por passo. Você lembra aquele capítulo que está cheio dessa palavra, em Números, “e eles partiram, e partiram e partiram.” Acho que foram quarenta vezes em apenas um capítulo, “e partiram”. Isto é “tempo antigo”. A Carta aos Hebreus diz: “Chegamos, chegamos.” Como? Porque todos os pedaços, fases e estágios, passos e movimentos, chegou à consumação em Jesus Cristo. Nós temos chegado, nós chegamos ao fim de todos os movimentos de Deus em Seu Filho. Ele é a consumação de tudo!
Agora, então, ainda esta palavra “Sião”, ao qual é dito que chegamos, permanece um pouco abstrato, no que diz respeito à nossa mentalidade. Devemos, portanto, descer para ver o que é este Sião ao qual temos chegado. Dissemos que Sião é a consumação, ou totalidade, mas o que isso representa? Do que ele é constituído? Qual é a constituição de Sião como a obra final de Deus?
Primeiramente, dizemos que Sião é um termo inclusivo e completo; em outras palavras, quando entramos no Senhor Jesus, chegamos ao pensamento pleno de Deus. Podemos ter que crescer em nossa apreensão e compreensão daquilo a que já chegamos, porém Deus não tem mais nada o que acrescentar àquilo a que temos chegado. Temos tudo! Em Cristo temos tudo! Deus chegou ao fim em Seu Filho; terminou a Sua nova Criação em Seu Filho, e entrou em Seu descanso. De modo que a Carta aqui diz: “Nós que cremos entramos no Seu descanso”. Sião é um termo abrangente, que se refere a tudo aquilo que Deus colocou em Seu Filho para nós. Cristo é a soma total de toda a obra de Deus, da qual obra está escrita: “terminada.” Isto não significa apenas chegar a um fim; significa que a obra foi completada, que tudo está completo, tudo está perfeito!
Você conhece a fórmula quando os sacerdotes traziam o sacrifício da reconciliação e colocava as suas mãos sobre a cabeça do animal, eles expressavam uma fórmula que em grego significa: “Está perfeito”. Eles percorriam seus olhos experientes sobre aquele sacrifício, revolvendo cada cabelo, para ver se havia algum de outra cor, qualquer minúsculo ponto de contradição e inconsistência, abrindo a boca do animal, examinando os seus dentes, cada parte era examinada pelos olhos treinados do meticuloso sacerdote; e, quando ele terminava seu exame, e quando o sacrifício tinha ficado exposto por dez dias sob aquele escrutínio, para ver se haveria qualquer aparição de qualquer elemento inconsistente, imperfeito — ao final, ele mostrava o sacrifício e punha as suas mãos sobre ele, e pronunciava: “Está perfeito”. Assim ocorre na Carta aos Hebreus. Por meio de uma única oferta, Ele aperfeiçoou para sempre, fez completo; e quando Jesus falou: “Está consumado”, foi o veredicto de uma Oferta Perfeita, sem mancha ou ruga, para Deus. Está perfeita, completa. Sua obra e Sua Pessoa foram aceitos por Deus.
A soma de toda a obra de Deus está representada no simbólico nome “Sião”. Mas Sião é visto não apenas como Cristo Pessoal, mas algo corporativo. É o povo de Sião, um povo que está no benefício da completa e perfeita obra de Cristo; um povo que é um vaso daquela obra do Senhor.
Sião? É tão fácil dizer coisas como essas, e isto é um ensino bíblico, talvez, você possa dizer, um bom ensino bíblico; mas, oh, meus amigos, iremos ver, antes de terminarmos esta semana, que não é tão simples assim. E você irá descobrir quase todos os dias da sua vida que esta posição de se manter e estar no benefício da obra de Cristo não é algo simples _ é desafiador, é um subir da montanha e um descer ao vale, durante todo o caminho, para que você possa ser movido para esta posição da obra perfeita do Senhor Jesus. Nós temos chegado a algo perfeito, e devemos ser o povo que corporifica esta obra perfeita do Senhor Jesus! Não quero dizer que já somos perfeitos, mas a obra do Senhor é perfeita; e aquele que é perfeito está conosco, e está EM nós. Chegará o tempo quando esta perfeição será manifestada. Penso que é um maravilhoso fragmento em Tessalonicenses: “ Quando Ele vier para ser glorificado nos seus santos, e para ser admirado EM todos os que tiverem crido”. Ser admirado! E eu suponho que nós admiraremos muito mais do que quaisquer outras pessoas. Bem, isto é Sião. É Cristo, e Cristo coletivo, Cristo corporativo, o fundamento de tudo. Sua obra perfeita, tanto como Sua Pessoa perfeita _ isto é Sião.
Número dois: Agora, naturalmente, estarei me mantendo muito próximo ao simbólico e típico cenário do Velho Testamento, porque, embora as coisas do Velho Testamento já tenham passado, o significado e os princípios espirituais são eternos, de modo que o significado e o princípio espiritual de Sião é examinado e aplicado aqui. Este é o porquê do nome exato Sião ter sido tirado do Velho Testamento e trazido aqui para o Novo Testamento: assim que a próxima coisa sobre Sião é que ele é o símbolo exato da vitória absoluta do Senhor.
Você se lembra do início de Sião? Após terem eles trazido Davi de volta de seu exílio, fazendo dele o rei, os Jebuseus ocuparam Sião e, dali deste local, desdenharam de Davi, dizendo: “Você nunca irá vir aqui” e se fortificaram ali com pessoas cegas e aleijadas, e disseram: “Somente estas pessoas são suficientes para mantê-lo fora daqui”. Era realmente uma fortaleza, tanto que os mais fracos podiam guardá-lo, protegê-la. Se os mais fracos, os cegos e os aleijados podiam, logo, naturalmente, não precisamos dizer que os mais fortes também podem”. Os Jebuseus consideravam aquele Sião como sendo completamente impenetrável, invulnerável, ou seja, a última palavra em segurança, um lugar que não podia ser atacado. Eles diziam: “Você não virá aqui, de fato, é impossível para você fazê-lo”. — “Muito bem,” disse Davi. [Eles aceitaram o desafio.] “Nós aceitamos o desafio” Sabemos o que aconteceu. Davi entrou naquela fortaleza e destruiu a aparente impenetrabilidade, e aquele local acabou se tornando a cidade de Davi; a cidade do Grande Rei. Sua grande e imensa vitória está centrada, registrada e estabelecida em Sião; e Sião é o símbolo e sinônimo do grande poder do Rei de Deus, do Ungido de Deus.
Agora, isto é conclusivo: “Nós já chegamos a Sião”, a Cidade do Deus Vivo. A que chegamos nós? Chegamos à Suprema Vitória do Senhor Jesus Cristo sobre a antiga fortaleza impenetrável _ e o que era essa fortaleza? Citamos Mateus: “Eu edificarei a minha Igreja; e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. E o que você tem ouvido sobre esta expressão: “das portas do inferno”? Não estou muito certo se em meus primeiros dias não cometi este engano. “Portas”, na Bíblia, nas cidades do Velho Testamento, eram os locais onde os conselhos de anciãos vinham para tomar as decisões para a cidade e para a terra; e assim dissemos que as “portas” são os conselhos do Inferno. Não cometa este erro. Isto está correto, mas não é o que realmente quer significar no texto. Qual é a outra fortaleza impenetrável do príncipe deste mundo? É a MORTE. A fortaleza espiritual impenetrável que o Senhor Jesus destruiu pertencia ao “Diabo, que tinha o poder sobre a morte” (Hebreus 2:14). Assim, o Senhor Ressurreto, em Sua apresentação no livro do Apocalipse, bem no início Ele diz: “Eu sou Aquele que vive; estive morto; mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos; e tenho as chaves da morte e do inferno”.
A morte espiritual é uma coisa tremenda, terrível, tanto que o Apóstolo Paulo quase esgota o vocabulário nesse sentido quando diz que deveríamos conhecer “sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,” Pense nisto! O salmista diria: “Selah.” [silêncio, pausa] — Pense sobre isso!
“A sobreexcelente grandeza do Seu poder sobre nós, os que cremos, conforme a operação da força do Seu poder [a energia, a palavra Grega aqui é energia], que Ele operou em Cristo, ressuscitando-O dentre os mortos”. Que linguagem! Está simplesmente além das expressões de Paulo. Ele tinha um bom vocabulário, porém ele mesmo encontra dificuldade para expressar e explicar o que aquilo significava: ressuscitar a Jesus da morte — vencer a morte!
Oh, é tão fácil dizer: “Deus ressuscitou a Jesus da morte”, mas você entende o que isto significa? A ilustração na Palavra [e, naturalmente, a ilustração sempre falha na presença da realidade], mas a ilustração na Palavra é o Egito, Faraó, e os deuses egípcios. Veja como Deus está apenas, vamos assim dizer, provando o Seu poder através daqueles dez julgamentos. O primeiro é um grande poder, o segundo é um poder maior do que o primeiro, e o terceiro é ainda maior do que o segundo, e assim sucessivamente até o décimo. É um poder crescente, destruindo tudo, derrubando uma grande força; e quando você chega até a coisa consumada, o que você tem? Vida e morte; a morte de todos os primogênitos egípcios; e quando isto foi registrado, o povo está livre, e eles saem ressuscitados! É uma ilustração. Os tipos são sempre pobres na presença da realidade, a realidade é a ressurreição de Jesus Cristo da morte, pela glória do Pai, pela sobreexcelente grandeza de Seu poder — e assim é conosco. Caros amigos, eu imagino que nós não temos nem começado a entender o que isto custou, e qual é este poder que está por detrás, o nosso novo nascimento, o fato de termos sido trazidos da morte para a vida.
Agora, voltemos a Sião. Isto é Sião. “Temos chegado a Sião”. Temos chegado à imensa vitória do Senhor Jesus no campo que supremamente desafiou Deus e o céu, o campo da morte. Morte. E assim, você tem aqui nesta carta, especialmente nos primeiros capítulos, muito sobre morte. “Ele experimentou a morte por todos os homens”. “Ele livrou todos aqueles que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à escravidão.” (Hebreus 2:15). Sublinhe a palavra morte nesses primeiros capítulos, porque isto é básico para todos os que se seguem; e quando você chegar ao final da Carta, você tem aquela grande nota novamente: “Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do pacto eterno tornou a trazer dentre os mortos a nosso Senhor Jesus, grande pastor das ovelhas, vos aperfeiçoe...” Fomos trazidos novamente da morte. Aquela morte, que tinha antes colocado um ponto final em toda perfeição espiritual, tem agora sido vencida pelo Grande Pastor das ovelhas.
Eu disse ‘colocou um ponto final’. Você se lembra em Hebreus de Arão e todos os seus filhos, os sacerdotes? A carta diz que eles não podiam aperfeiçoar coisa alguma, porque eles morreram. A morte colocou um ponto final em suas obras, e nada ficou aperfeiçoado. Mas Jesus aperfeiçoou para sempre. Por quê? Porque Ele vive para sempre, “Eu estou vivo pelos séculos dos séculos”, portanto, esta é a esperança e a dinâmica de você ter sido tornado perfeito.
Oh, graças a Deus, “a sobre-excelente grandeza de Seu poder” que irá, finalmente, “nos apresentar sem culpa diante da presença de Sua glória em grande alegria; Igreja gloriosa, sem mancha, nem ruga nem qualquer outra coisa”, _ nos apresentar inculpáveis. Oh, que tremenda palavra! Que ‘apagar de quadro’ é este! (idiomatismo) Sem culpa! E nós aqui em baixo estamos tão preocupados com as faltas do nosso próximo, e com as nossas próprias; e isto se torna um problema _ procuramos pela assembléia perfeita, pela igreja perfeita, e pelo cristão perfeito, e ficamos todos ocupados com isso o tempo todo, ocupados com o que não é perfeito. Faltas e mais faltas. Para nos apresentar sem falta alguma _ “ Ele é capaz de nos apresentar sem falta alguma diante da presença de Sua glória em grande gozo”. Por que? Porque Ele venceu a morte. A morte é uma fortaleza, mas Ele despojou a fortaleza de Satanás:
Ele desceu com Seu Poder Imperial às regiões das trevas: e trouxe de lá o Seu troféu, desprezando completamente a coroa do usurpador.
A coroa de Satanás é a morte. A coroa de Cristo é a Vida: “Eu lhes darei a coroa da vida”. Bem, estamos nós dispondo bastante do nosso tempo com os detalhes de Sião? É a isto que temos chegado. Que nos seja concedida força e fé para apreender aquilo que foi dito. Que possamos entrar no maravilhoso gozo disto.
Número três: Sião, novamente, foi e é, em seu significado espiritual, em sua realidade, o centro de Sua habitação. Sua morada. O Senhor habita em Sião. O Senhor é achado em Sião. Você vê isso em Êxodo 15.
“Tu os introduzirás, e os plantarás no monte da tua herança, no lugar que tu, ó Senhor, aparelhaste para a tua habitação, no santuário, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram. O Senhor reinará eterna e perpetuamente.”
Sabemos, historicamente, que foi lá que Deus tinha o Seu Santuário; e devo dizer aqui isso sem entrar em detalhes, como em Hebreus 12, versículo 18 em diante, Jerusalém e Sião parecem termos sinônimos. Parecem ser intercambiáveis. Não são exatamente a mesma coisa, mas, ousaria eu entrar na diferença existente? Isso resultaria em algo sem qualquer consideração especial, mas aqui está “a cidade que Tu, o Senhor, fez _ a Jerusalém Celestial”.
E assim, chegamos então ao lugar da Sua morada, o lugar onde o Senhor está. Se fosse perguntado a você onde você poderia achar o Senhor, imagino o que você responderia. Poderia mencionar muitas coisas, tais como, “se você quer encontrar o Senhor, deve vir às nossas reuniões. Venha para a nossa companhia, para o nosso lugar de adoração, e então você irá achar o Senhor lá”; e assim, você localiza o Senhor. Eu sei que no Velho Testamento eles tinham que ir a certos lugares onde o Senhor colocou o Seu nome. Contudo, no sentido geográfico e literal, este não é mais o caso.
Para entender isto, vamos ver que aqui está um grande erro no qual a cristandade tem caído; e todos nós caímos nesse engano de tentar localizar a presença de Deus. Quero dizer literalmente falando: “Sião é um lugar onde você já chegou, ou é um lugar aonde você ainda deve ir, se quiser encontrar o Senhor?”. Não se engane. Isto não é verdade. Nós já saímos daquele sistema. Aquilo está debaixo do “Não”. Todo aquele conceito já foi varrido. Não há nenhum “Eféso”, ou “Filipos”, ou “Tessalônica” sagrados: se houvesse, eles ainda estariam hoje no mesmo lugar que estavam há dois mil anos atrás. Eles não estão. Já se foram. O Senhor foi achado lá, mas você não irá encontrá-Lo mais lá. Não, nem mesmo em Jerusalém, nem em Roma. Mas onde está o Senhor? O Senhor Jesus mostrou para nós; será isso uma fórmula, uma prescrição? “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali Eu estou”. Ali Eu estou, esta é a única localização (eu hesito em usar a palavra “localidade”), esta é a única localização do Senhor!
Agora, em qualquer lugar onde você possa encontrar o Senhor, na companhia do povo do Senhor, onde o povo pode encontrá-Lo, tão logo esse lugar cesse de ser espiritualmente Sião, de ser o que Sião realmente é espiritualmente, o Senhor deixa esse lugar, assim como Ele deixou o tabernáculo de Siló. Aquele lugar não era sagrado, o tabernáculo não era sagrado, caso contrário teria sido preservado até os dias de hoje. Não, nada nesta terra é sagrado para o Senhor. O lugar onde o Senhor está e é encontrado é em Sião; ah, mas o que significa Sião? O que é Sião? O que temos dito nós que é Sião? _ Sião é este lugar a que já chegamos!
Então, agora você pode ir e construir um edifício e conseguir uma congregação e colocar na porta _ “Sião”? Não! Não! Não! Sião é algo espiritual, um povo espiritual, e a grande coisa sobre esse povo é... você encontra o Senhor lá quando você encontra esse povo. Com eles, você simplesmente encontra o Senhor. Você não irá encontrar uma técnica, uma forma, um ritual, uma doutrina, um ensino, uma interpretação e tudo mais. Você apenas irá encontrar o Senhor. “Temos chegado a Sião” — Oh, vamos deixar isto ser um teste, tanto quanto uma afirmação. Iremos desistir de tudo _ construções, lugares, e toda nossa constituição _ nós deixamos tudo isso se as pessoas não estão encontrando o Senhor quando elas chegam no local onde estamos. Paulo trás isso para o individual: “Sois o santuário do Deus Vivo”. Esta é uma aplicação individual, “o templo de Deus.” O lugar de sua morada é o lugar onde Cristo é a finalidade de Sua obra, a plenitude daquilo que Ele fez, onde as coisas são conformadas a Cristo. Isto é Sião!
Número quatro: Sião é o local do Governo Divino, assim, voltemos para “Sião, a cidade do Grande Rei”! De Sião sairá a lei. De Sião Cristo governará a terra. Sião, o assento de Sua majestade e governo, onde está o Seu trono. Demos uma pequena dica, alguns minutos atrás, da diferença entre Jerusalém e Sião. Sião, como entendo, é o que Jerusalém deve ser; e Jerusalém nem sempre é Sião. Mas Sião é o que Jerusalém deve ser _ o centro governamental.
Nem todas as pessoas de Deus estarão neste local de governo; e no Livro do Apocalipse você tem algo mais do que “a cidade santa, Nova Jerusalém”. Você tem “nações caminhando à luz da Nova Jerusalém”. Você tem um círculo extra. Sim, essas pessoas estão no Reino. E eu não estou agora discriminando entre a Igreja e o Reino. Esta não é minha intenção, mas estou dizendo que haverá vencedores. “Àquele que vencer concederei que se assente comigo no meu trono”. Isto é Sião, porém Jerusalém nem sempre se conforma a isso, no que diz respeito ao povo do Senhor.
Penso que é melhor pararmos por aqui, e, como você vê, isto é uma grande dificuldade para muitos. Você mostra o final e completo plano de Deus para a igreja, aquilo que está na Mente de Deus a respeito da Igreja, a Jerusalém Celestial, sim, você mostra tudo isso, mas alguns dizem: “Olhe para todos esses cristãos: um pé no Cristianismo e outro pé no mundo”. Mas lembre-se, existe esta realidade: Deus governando sobre o povo. Uma coisa é você ser cidadão de um País, ou de uma cidade, outra coisa é você ser um membro da casa real. Você compreende o que eu digo? Sião é o ápice, a essência do plano de Deus para a Igreja, para o qual a Igreja (como um todo) não tem se aproximado totalmente, mas Sião é este lugar de Governo.
No princípio foi assim. A Jerusalém literal em Judá antiga era o centro do governo sobre a terra. Você chega ao Novo Testamento, e encontra essas coisas removidas de Jerusalém. Eles removeram. Você diz, “Antioquia se torna o novo centro e toma o lugar de Jerusalém?” Está correto? Esta é a maneira como os expositores colocaram, eles fizeram um movimento geográfico. Muito bem, você pode aceitar isso, se quiser, mas isso não é verdade. Vamos para Antioquia, então, e demos uma olhada e ver o que é isso.
O que eles estão fazendo em Antioquia? Houve alguns irmãos em Antioquia e “eles jejuaram e oraram, e o Espírito Santo disse...” Eles estão desligados da terra; deixaram as coisas aqui; estão ligados com o céu. E, por meio do Espírito Santo que fora enviado do céu, o Governo Celestial está em operação. O Trono Celestial está governando aqui.
Não, não é uma reunião deliberativa. Eu não sei se alguns de vocês conhecem os desenhos de E. J. Pace, mas anos atrás, nos tempos de Escola Dominical, ele fez um muito bom. Acho que foi um de humor, mas muito bom. Ele o chamou: “A Primeira Reunião Deliberativa do Novo Testamento”, onde todos os cristãos estão reunidos numa congregação em Jerusalém, e havia duas grandes Mãos com uma grande tora de madeira dentro deles. E esta grande tora caiu sobre aquele local, e “todos eles foram espalhados”, espalhados por toda a Judéia, por toda Samaria, e até os confins da terra; e ele chama aquilo de “A Primeira Reunião Deliberativa”.
Não, o centro governamental não está em Jerusalém literal, e, também não está em Antioquia literal. Sião é o local onde o céu está governando, e não os homens, onde os conselhos celestiais estão operando: “e o Espírito Santo disse”. É a isto que temos chegado, ou devemos chegar. Espero que eu não tenha ofendido nenhum de vocês, membros locais, homens do comitê, vocês diretores da igreja. Não, nós estamos chegando à realidade. Sião está testando, desafiando todo o nosso sistema. E aqui, neste ponto, Sião significa: _ “é o local de onde o Céu governa, de onde o Cristo Ressuscitado governa através do Espírito Santo, de onde toma as decisões, de onde direciona os cursos. “Separai para Mim Barnabé e Paulo, para a obra...” Foi a reunião deliberativa que os comissionou? _ Não, “Eu os tenho chamado”. Esta é uma ação do Céu, e isto sim é frutífero.
Número cinco: Sião é o lugar da comunhão firme e segura. Isto é bastante interessante, instrutivo. Volte para o Velho Testamento. Quando os corações dos homens de Israel se voltaram de Saul para Davi, para trazê-lo de volta e fazer dele o rei, o que aconteceu? O primeiro deslocamento foi para Hebrom, e lá eles ficaram por sete anos. O que é Hebrom? Você sabe o significado de Hebrom? — Comunhão, amizade, isto é Hebrom. Contudo, aqueles homens trouxeram Davi de volta e, primeiramente, fizeram dele o rei em Hebrom. Era algo parcial. Era um movimento rumo a plenitude, porém foram sete anos em Hebrom, sete anos (interpretado espiritualmente) de uma firme comunhão. E, após esses sete anos, foram para Jerusalém, para Sião; e os valores de Hebrom estão agora centralizados em Sião; i.e., Sião representa aquilo no qual a verdadeira amizade do Espírito é estabelecida!
Você tem que ler o resto desta seção de Hebreus. Veja a maravilhosa comunhão que existe aqui. À que temos chegado? Aos “ espíritos dos justos aperfeiçoados”. Chegamos à uma maravilhosa comunhão no Céu, “às hostes angelicais,” em comunhão com os anjos; em comunhão com “Jesus, o Mediador de uma Nova Aliança.” É comunhão que existe em Sião, comunhão celestial. E você sabe muito bem que, se apenas você experimentar um pouquinho da comunhão celestial, isto é o céu.
Alguns de vocês vieram de lugares longínquos, onde vocês têm pouca ou nenhuma real comunhão espiritual; e sejam quais outros valores possa haver nestas convocações, tenho sempre encontrado aqueles de maiores valores, e até mesmo maior do que o ministério tem sido esses solitários peregrinos, vindo de longe e de perto, em canções de subida, rumo a Sião, onde encontram aquela maravilhosa comunhão, que os envia de volta para os seus lugares solitários, porém sabendo que: “Bem, eu não estou sozinho, afinal de contas; eu achava que estava sozinho. Eu era igual Elias procurando um pé de junípero(zimbro), a fim de dizer: basta. Oh, Senhor, tira a minha vida. Eu sou o único que sobrou. Porém ele descobriu que havia sete mil em Israel!” Comunhão é uma coisa maravilhosa. Em verdade isto é Sião: “Sim, nós temos chegado a Sião” Oh, que possamos sempre usufruir disso, e, em nossa solidão e isolamentos, e exílios, possamos saber que a nossa comunhão está no céu. Levou sete anos para obter aquela comunhão, sendo, então, estabelecida em Sião.
Em Sião. Bem, o que é isto novamente? Sião é a comunhão de Cristo estando em Seu lugar correto e pleno. Davi está agora em seu lugar certo, e em seu lugar pleno, porque Deus o escolheu e o ungiu. Ele está lá: Nosso Grande Davi em seu lugar, lugar certo e pleno _ e, onde quer que isto seja verdade, isto é Sião.
Número seis: Sião é a terra das nossas festividades. Eu quase disse isso anteriormente. O que está escrito? “Sião, a cidade de nossas solenidades.” Esta é a frase nas Escrituras, “a cidade, o lugar de nossas solenidades.” O que isso significava? Eram as grandes festas e festivais de pessoas que eles tinham em Sião. Deus ordenou que este povo devia ser um povo festivo. Agora esta porção em Hebreus diz que é a isto que temos chegado. Temos chegado a inúmeros anjos em festa. A cidade de nossas festividades. Precisamos dizer mais? Eu acredito nisso, que se você tiver alguma coisa que se aproxime de Sião espiritualmente, qualquer coisa que seja realmente e verdadeiramente a Sião espiritual, não importa o quão pequeno possa ser, você terá um festival de boas coisas. Onde essas coisas são verdadeiras, onde essas cinco coisas que mencionei sejam verdadeiras:
1] Um Povo no Benefício da Completa e Perfeita Obra de Cristo
[2] A Suprema Vitória do Senhor
[3] O lugar da Sua Habitação
[4] O Local do Seu Governo
[5] O Lugar da Comunhão Firme e Segura
onde essas coisas sejam verdadeiras, você nunca mais terá fome, fome espiritual. O Senhor cuidará para que haja abundância. Você não será miserável, mas será cheio de alegria! Precisamos de algo mais do que piqueniques religiosos: precisamos das festividades espirituais de Sião.
“Hostes de anjos em festa.” Não sei se eu entendo isso completamente, mas eu penso que tenho um vislumbre disso. Quando os anjos olham para Sião, quão alegres eles ficam! Quão felizes eles ficam! Há certamente alegria entre os anjos quando você descobre coisas como essas. Quando eles olham para a espiritual Sião, eles colocam suas vestes festivas e dizem: “É isto.” Os anjos se regozijam. Talvez isso seja uma interpretação imperfeita, mas estou certo de que isto faça parte. Registramos o sentimento do Céu e dizemos: “Isto é bom”; e não mais condenaremos o velho e pobre Pedro. Nós caímos na mesma maravilhosa e gloriosa armadilha. Dizemos: “É bom estarmos aqui.” Jamais deixaremos este lugar novamente. “Façamos três tendas.” Nós cantamos, antes desta ministração esta manhã, sobre o mundo em guerra aqui em baixo. Nós temos que voltar para ele, mas que possamos voltar com um pouco da alegria de Sião, a cidade das nossas solenidades, das festividades espirituais. Devo deixar este tópico e ir para a última coisa a respeito de Sião, para esta manhã; e isto é apenas o primeiro fragmento da seção como um todo. Há um outro que provavelmente tomará todo o nosso tempo amanhã, o número oito, mas isto não é para agora.
Número sete: Sião, o lugar do nosso registro espiritual. É esta uma palavra ou idéia difícil? Se você não sabe o que eu quero dizer, eu te faço lembrar de Salmo 87: “O Senhor ama as portas de Sião, mais do que as moradas de Jacó.” Então o salmista escolhe aqueles lugares do mundo que os homens falam com orgulho: “Eu nasci na Filistia. Pense nisto.”—“Eu nasci em Tiro! Sou um cidadão de Tiro!.”— “Eu nasci na Etiópia.” O salmista (você quase pode perceber a sua alegria), o salmista diz: “Este homem nasceu em Sião, isto será dito. De Sião, será dito: Este é nascido ali.” Algo absolutamente superior. Este homem é um cidadão de Sião, ele nasceu lá, seu nome está registrado lá, e o salmista conclui esta comparação e contraste com: “Todas as minhas fontes estão em ti”— O lugar do meu registro: “Estou registrado no Céu; sou um cidadão do Céu.”
“Nossa cidadania, diz o apóstolo, está no Céu; de onde aguardamos o Salvador.” “A nossa vida está escondida com Cristo em Deus.” “Nós nascemos de cima” [sempre correta esta tradução]; e não “nascemos de novo”, mas “nascer de cima”, que é algo maior do que nascer de novo. Não apenas nós “nascemos de cima” e os nossos nomes estão “escritos no livro da vida do Cordeiro”; não apenas isto, e isto já é glorioso, mas você tem o registro. Paulo se gloriava de sua liberdade: “Eu sou um homem livre,” e todos eles tinham que se render a isso, até mesmo o Império Romano tinha que se curvar a isso, um homem nascido livre. O pobre capitão centurião passou um sufoco quando ouviu isso. A vida dele estava em jogo por ter colocado as correntes num homem livre. A nossa cidadania está no Céu; nosso registro está no Céu; somos “herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo.” Este homem foi nascido ali, em Sião.
Vou deixar isso com você; eu realmente acredito que não são apenas “oito” interessantes e fascinantes ensinos Bíblicos, mas é um desafio: “Chegastes a Sião.”
Senhor, ajuda-nos a ver aquilo aonde temos chegado, o que realmente somos no Pensamento Divino. Que o Senhor faça com que isso seja real para nós, seja lá onde possamos estar. Senhor, faça disto mais do que um ensino, ou doutrina, ou verdade Bíblica, ou uma exposição Bíblica. Coloque um desafio nisto, em cada coração aqui presente. É isto verdade para mim? Sou eu um cidadão de Sião? São essas coisas reais na minha vida? Ajuda-nos a atentar para isso. Ouça a nossa oração, por Tua própria Glória e Satisfação em Teu Filho, Amém.
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